Enquanto a massa mainstream se distrai com a mais recente “polêmica” fabricada nas redes sociais, o NoiseRed observa o circo pegar fogo e os palhaços de sempre se apresentarem. A bola da vez? O comercial de fim de ano das Havaianas, estrelado por Fernanda Torres, que, em sua inocência mercadológica, gerou uma “revolta” hilária (e previsível) na direita e extrema-direita brasileira.
A frase da discórdia – “O que eu desejo é que você comece o ano novo com os dois pés: os dois pés na porta, os dois pés na estrada, os dois pés na jaca, os dois pés onde você quiser. Vai com tudo, de corpo e alma, da cabeça aos pés” – foi interpretada como um manifesto subversivo. Subversivo? Para quem lê o mundo com lentes de “comunismo imaginário”, talvez. Para nós, que enxergamos o sistema como ele é, isso é apenas marketing capitalista em sua forma mais pura.
Havaianas: De Pão e Circo para o Pódio do Luxo
Antes que os arautos da “nova ordem” comecem a rasgar a bermuda e jogar a sandália fora, é preciso contextualizar. A Havaianas, para quem não se lembra ou nunca se importou em pesquisar, não nasceu como uma grife revolucionária. Ela surgiu como o chinelo do povo. Barata, simples, disponível em duas cores básicas (azul e preto) e com uma durabilidade… digamos, funcional. Era o calçado da classe trabalhadora, dos subúrbios, dos lares mais humildes.
Mas o capitalismo, meus caros, é um mestre na arte da ressignificação. Aos poucos, a Havaianas ascendeu socialmente, deixou as feiras e invadiu os shoppings. Deixou de ser um item de necessidade para se tornar um símbolo de status, vendida a preços exorbitantes no Brasil e, pasmem, ainda mais cara no exterior. Um chinelo de borracha, de repente, virou “luxo”. Isso não é comunismo; é a essência do capital em sua máxima potência.
A “Revolta” que é o Melhor Marketing Gratuito
O que a direita e extrema-direita, em sua incapacidade crônica de interpretar discursos minimamente complexos, não percebem é que, ao atacar o comercial, eles estão fazendo exatamente o que qualquer departamento de marketing sonha: gerando engajamento massivo e GRATUITO.
Cada postagem raivosa, cada tweet indignado, cada vídeo distorcido sobre a “agenda comunista” da Havaianas serve apenas para amplificar a mensagem da marca, colocando-a no centro das atenções, justamente no período de maior consumo. Enquanto esperneiam sobre “dois pés na porta” (uma expressão popular para atitude, diga-se de passagem), estão fazendo o trabalho de relações públicas de uma multinacional que, no fim das contas, só quer vender mais chinelos.
O Verdadeiro Manifesto Capitalista
Então, antes de levantar a bandeira da guerra cultural contra um chinelo, reflitamos: a Havaianas é uma empresa que sabe jogar o jogo. Ela abraça a diversidade em seus comerciais, aposta em linguagens jovens e descoladas, e se apropria de narrativas para vender seu produto. Ela não é socialista; ela é capitalista de carteirinha, com uma estratégia de marketing afiada para maximizar seus lucros, usando qualquer faísca de polêmica para se manter relevante.
O verdadeiro “manifesto” da Havaianas não é sobre ideologia, mas sobre mercado. É sobre a capacidade de transformar um item básico em desejo de consumo, explorando tendências e, ironicamente, usando a própria indignação alheia como trampolim para o sucesso comercial.
No fim das contas, enquanto uns choram, a Havaianas ri… e vende milhões. E nós, do NoiseRed, continuamos rindo do circo, com nossos pés firmes no underground, onde a resistência é real e o ruído não tem preço de grife.
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