NoiseRed entrevista Maykon Kjellin: O baterista do Dark New Farm e criador do site O Subsolo fala sobre música, cena independente e muito mais!
9 min readNão perca a entrevista exclusiva com Maykon Kjellin, baterista do Dark New Farm e fundador do site O Subsolo. O nosso amigo e músico catarinense fala sobre a cena independente, seu trabalho com o Dark New Farm e muito mais.
Sobre a Dark New Farm:
NoiseRed: Como a Dark New Farm surgiu? Quais são as principais influências musicais da banda? Processo Criativo: Como é o processo de criação das músicas da Dark New Farm? Quem compõe as músicas?
Maykon: A Dark New Farm surgiu em um reencontro entre dois amigos de longa data na rodoviária em Laguna/SC, apenas um deles segue conosco que é o Harley Caires vocalista e guerreiro do @undergroundextremo, até ter uma formação sólida foi muita luta e após a saída do Vini Saints do baixo achamos que a banda iria acabar até encontrar os novatos Vatrys (guitarra) e Ewerton Jr (baixo), nisso, voltamos a ser um quinteto coisa que não acontecia desde a fundação da banda. Nosso processo criativo é bem intrigante, temos uma mente muito eficaz por trás das nossas composições que é o Sol Portella (guitarra e vozes), ele consegue compor um EP em dois dias se necessário e muitas vezes ele não gosta de compor sozinho, o engraçado que ele sempre gosta de incluir o restante da turma, acaba que ele compõe o esqueleto e damos pequenas lapidadas ao processo, mas no caso do ‘Farm News‘ nosso EP de 2018, muitas composições foram surgindo com acontecimentos ao redor da banda e acho que isso que faz uma banda de Metal AUTORAL ser incrível, a oportunidade de falar sem ter receio de nada e nem de ninguém.
NoiseRed: Como você avalia o cenário do rock catarinense atualmente? Quais bandas você indica?
Maykon: O cenário catarinense sempre foi forte, mas existe uma rotatividade baixíssima de bandas. Muitos produtores investem nas mesmas bandas por zona de conforto e muitas vezes sentimos que a cena mais extrema do Metal não da importância para o trabalho da Dark New Farm por ser considerada mais ‘leve e alternativa’, o que me causa uma certa dúvida sobre muitas coisas. Das bandas catarinenses que já dividimos rolê, eu indico a 100 Dogmas, Silent Empire, AlkanzA, Isla de La Muerte, Deadnation, Alkila e NOX, mas confesso que estas indicações são sempre bem dificeis visto que além de divulgar bandas com @osubsolo, acabo sempre esquecendo alguma.
NoiseRed: Quais são os planos da Dark New Farm para o futuro? Há algum novo álbum ou Single em vista?
Maykon: Estamos gravando, finalmente. Temos planos que ainda não posso divulgar, mas para adiantar será um trabalho bem segmentado e que nos dará muitos inimigos, muitas portas vão se fechar e muitas outras com certeza vão abrir. Para comemorar os 5 anos de ‘Farm News’, vamos trazer uma coleção de lives gravadas onde começamos, lá no TG HomeStudio com o Gustavo Schatts, e algumas outras coisas que ainda não posso abrir, mas que estamos ansiosos para trazer.
NoiseRed: Como é a experiência de tocar ao vivo com a Dark New Farm? Quais são os momentos mais marcantes da sua carreira?
Maykon: A Dark traz um sentimento bem diferente, em qualquer rolê consegue atingir um público mais cabeça aberta e que gosta de muito groove, breaking down e músicas simples e diretas. Cada experiência é marcante, mas acho que entre elas foi tocar na Serra Catarinense em São Joaquim/SC em um inverno cruel que no termometro marcava 8 graus negativo e a gente tava tocando no palco, no fim, o público pediu para repetirmos mais uma de nossas autorais, aquilo pra mim foi um marco na minha vida, visto que é a cidade onde nasci, me criei e mora toda minha família, ter retornado lá e ter essa receptividade foi marcante.
Sobre O Subsolo:
NoiseRed: O que te motivou a criar o O Subsolo? Qual era o seu objetivo inicial com o site?
Maykon: Eu tinha uma banda que ninguém dava a mínima. As mídias presentes nos eventos eram muito gourmetizadas, fotógrafos esnobes que sempre tinham suas favoritas e uma vez fizemos um show foda e ninguém registrou NADA, foi ai que decidi criar um blog por minha conta que até então era “Submundo”, mas ouvindo um documentário do Ponto Nulo no Céu eles falaram “SUBSOLO” e inclusive eles tem uma música com este título, foi então que surgiu O SubSolo para dar espaço as bandas que ninguém tava nem aí e hoje estendemos a mão para todos sem exceção, claro, banda nazi, machista ou qualquer outro tipo de ideia torta nunca!
NoiseRed: Quais foram os maiores desafios que você enfrentou ao criar e manter o O Subsolo?
Maykon: Com toda a certeza, a falta de consideração dos outros. Nos dedicamos muito aqui, são 9 anos que estamos aqui sem entrar em hiato e sempre dando um UP no que podemos, hoje estamos com uma equipe de praticamente 20 pessoas e é assustador olhar para trás e ver o que O SubSolo percorreu, três festivais presenciais, três online, quatro coletâneas físicas, uma virtual, entrevista com uma galera foda e ainda não chegamos nem na metade do trampo, vamos muito longe ainda!
NoiseRed: Por que você acredita que é importante divulgar o rock independente?
Maykon: Eu acredito que quando alguém pode fazer mais pelas outras pessoas, elas deveriam fazer. Divulgar o trampo do amigo que tá começando, o amigo que fez uma banda e chama para tocar junto, o brother abriu um site ajuda ele, o fotógrafo iniciou chama ele pra cobrir teu evento… Tudo isso é uma rotatividade e sabe quem sai ganhando? Todos nós!
Futuro do O Subsolo: Quais são os seus planos para o futuro do O Subsolo?
Maykon: O futuro é muito longe, mas digo que no presente é cada vez estabilizarmos mais uma boa equipe. Buscar alcançar locais que ainda não chegamos, viver do site é um sonho que nunca vamos desistir, quando fazermos isso ficar rentável e podermos custear cada membro que está aqui e acredita no trabalho, vai ser o dia mais feliz da minha vida, porque até agora tudo sai do meu bolso e as vezes é difícil, sorte que assim como o site muitos custos são divididos por quem gosta do nosso trabalho!
NoiseRed: Qual conselho você daria para bandas que estão começando?
Maykon: Persistência! Vai ter muito nego metendo faca nas suas costas, vai ter muita gente te puxando pra baixo como areia movediça, mas mano, segue firme e forte no que tu acredita, profissionaliza o meio campo da tua banda com material e sai fazendo amizade com as mídias que vai ser sucesso!
NoiseRed: Como você vê a relação entre as plataformas de streaming e as bandas independentes?
Maykon: UMA MERDA! Desculpa a real, mas o streaming suga TODAS as bandas, não só independente como do mainstrem também. É dado migalhas enquanto as bandas independentes tem que gastar uma grana FODIDA para fazer um material novo para ter que jogar no streaming e se foder pra fazer a galera ouvir. Streaming é o verdadeiro MAU NECESSÁRIO!
NoiseRed :Qual o papel das redes sociais na divulgação de bandas independentes?
Maykon: É o papel principal de uma banda, mesmo que ela não tenha um ótimo trabalho o marketing leva as bandas a lugares que as boas sem marketing, não chegam. Hoje as redes facilitam muita coisa, facilmente eu consigo fazer parceria com uma pessoa de muito longe, trocar ideia e até fazer feat em músicas, isso é incrível. Pena que mesmo assim as bandas não aproveitem 100% disso. Uma rede social para uma banda, é extremamente importante.
NoiseRed: Qual a importância de apoiar a cena local?Como você vê o futuro do rock/metal?
Maykon: Eu julgo como essencial apoiar a cena local. Foi lá que eu comecei O SubSolo e hoje a maior parte das minhas amizades são da cena local, loucura né? Acho que é muito mais do que tocar, de ir em rolê, é uma válvula de escape para mim de forma pessoal, local onde me sinto bem e gosto de estar. O futuro depende muito do que estamos fazendo agora, você está ouvindo Metallica, Iron Maiden, Queen ou está ouvindo a banda autoral da sua região? É sobre isso.
Sobre Maykon Kjellin:
NoiseRed: Como o rock/metal entrou na sua vida? Qual a importância da música para você?
Maykon: Meu pai foi a maior fonte de incentivo no Rock. Fiat 147 tocando Scorpions, Guns n’ Roses, Nirvana… E com o tempo, minha irmã que é mais velha, começou a ouvir Linkin Park, Blink 187 e fui começando a entrar em outra vibe, até que conheci Slipknot na escola e dali pra frente, comecei a ouvir música mais pesada mas sem esquecer meus primórdios. Scorpions sempre será minha banda favorita. A música é tudo cara, tipo aquele cara do Manowar lá, hahaha. Música acompanha a gente em todos os lugares, em todas as emoções, tem como viver sem música não.
NoiseRed: Sabemos que você é Gamer e Cervejeiro,Como essas paixões se conectam com a sua vida como músico e criador de conteúdo?
Cara, gamer é desde cedo né, não sou tão gamer como muitos dos meus amigos, mas desde pequeno jogava um futebolzinho com meu pai antes de dormirmos, era tão bacana. Acho que foi a única conexão que tive na vida com meu pai foi o videogame, era um dos poucos momentos que ele não era tão rude comigo, tivemos uma relação complicada. Já a cervejinha foi com minha mãe, ela sempre gostou até em seus últimos dias de vida. Era bacana chegar em casa na sexta-feira e ver minha mãe fazendo algo especial para tomarmos cerveja. Então gosto de experimentar sabores e sou apaixonado por uma cervejaria local chamada ‘Cervejaria Imbé’, indico a todos conhecerem tem sabores incríveis.
NoiseRed : Como você lida com a atelofobia (A atelofobia é um tipo de fobia que se caracteriza por um medo intenso e irracional de cometer erros). O rock/metal te ajuda a superar esses desafios?
Maykon: Atelofobia é por causa da minha deficiência. Nasci com membros superiores encurtados e deformados, aprendi tocar bateria na luta e na garra mesmo. Mas tudo o que eu fazia ouvia um “ah deixa, ele é deficiente deve ser difícil” então eu comecei a me cobrar mais do que o necessário, até hoje luto contra tudo isso, mas o lado bom é que sempre busco fazer o que eu faço da melhor forma. O Rock/Metal é um lugar muitas vezes um pouco tóxico, mas no ambiente certo, com bandas e pessoas certas, é um lugar extremamente acolhedor.
NoiseRed: O que significa para você “o menos é mais”? Como essa filosofia se aplica à sua vida e à sua carreira?
Maykon: O bem feito sempre vai ser melhor do que o mais robusto/extenso. O SubSolo por exemplo, sempre teve o Sidney Oss Emer como o principal orientador quanto a qualidade do que sempre fazíamos e isso elevou O SubSolo a um patamar bem bacana e nisso fui aprendendo com ele que o bem feito sempre supera. Aprender com amigos é sempre importante.
NoiseRed: Muito Obrigado por essa pequena entrevista, deixe um recado para nossos leitores ai.
Maykon: Agradeço ao NoiseRed pela amizade de sempre, é gratificante ter pessoas boas como você Biano em minha vida. Deixo a mesma mensagem para a turma das mídias, bandas, amigos e artistas que sempre apoiam o meu trabalho, seja como músico, como mídia ou como pessoa. Acho que a vida deve ser um brinde as pessoas que estão a nossa volta e só agradeço o espaço, é raro quando sou o entrevistado, to desacostumado, rs. Vida longa ao noisered!
Links Relacionados :
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