Piratas Siderais e o Retorno às Raízes do Caos com “Metamorfose”
O grunge sempre foi mais do que um gênero musical; ele é um estado de espírito, um grito sincero contra as convenções e uma manifestação visceral de vulnerabilidades que, muitas vezes, permanecem engaioladas no âmago dos artistas. É a partir desse terreno denso e sombrio que a banda Piratas Siderais ressurge com o novo single “Metamorfose”.
Inspirada pela emblemática obra do escritor tcheco Franz Kafka, a canção aborda o tema da depressão e explora os limites da transformação humana, tanto física quanto emocional, trazendo à tona sentimentos de alienação e a busca por uma identidade que resista ao processo de desintegração emocional causado pela doença.
Em “Metamorfose”, os Piratas Siderais recorreram outra vez à bem sucedida parceria com o compositor Digão Sales (DIGAØ) (@digaomusik) e o resultado é um mergulho guiado à pele de Gregor Samsa, o personagem kafkiano que acorda uma manhã transformado em um inseto asqueroso. Essa metáfora, no entanto, transcende a literalidade e serve como um espelho para nossas próprias lutas internas
A letra questiona de forma crua: “Há alguém a ouvir meus sons?” – uma frase que ressoa não só na sonoridade distorcida e berrada do refrão, mas também na mente de quem ouve, evocando sentimentos de isolamento e invisibilidade que se intensificaram na sociedade atual, especialmente no contexto pós-pandêmico. É uma canção que traz à tona a sensação de ser visto, mas não compreendido, de existir, mas não pertencer.
Esse single também representa um marco na definição da banda com sua identidade musical, algo que começou a ser delineado em seu lançamento anterior, “Absoluta Verdade”. Diferente das produções mais polidas que dominam as playlists comerciais, “Metamorfose” prefere sujar as mãos na lama do som sujo e do vocal rasgado, evocando referências explícitas a Alice In Chains, Pearl Jam e Nirvana. O que se escuta aqui é o resultado de uma banda que amadureceu ao reconhecer suas próprias cicatrizes, transformando dor e questionamento em arte. Não é apenas um retorno – é uma reafirmação de propósito.
Em um momento em que o rock nacional luta para encontrar novos expoentes, os Piratas Siderais se apresentam como uma força que, sem pretensão de ser messiânica, ilumina a escuridão com faíscas de autenticidade.
Hoje, sob a liderança do baterista Igor Casa Nova, a banda entra em uma nova fase. Com Vini Brock nos vocais, Werner Zimmer no baixo e Vince na guitarra, a nova formação traz ainda mais maturidade e força ao som visceral que sempre definiu o grupo.
A expectativa agora é saber como a banda irá dar continuidade a essa nova fase. Com planos para uma série de lançamentos ao longo do próximo ano e um álbum completo, os Piratas Siderais prometem expandir ainda mais a profundidade de suas composições e se reconectar com um público que, assim como eles, já sentiu na pele o desconforto da metamorfose social e pessoal.
Para quem procura música que vá além do trivial, que ofereça um encontro honesto com a própria vulnerabilidade, “Metamorfose” é um convite a abandonar a zona de conforto e se perder – e quem sabe se encontrar – nos meandros do caos.
Não deixe de conferir no link abaixo “Metamorfose” e mergulhar no som intenso dos Piratas Siderais.
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Fonte : Lía Montero – Assessoria de Imprensa