RESENHA: Dorsal Atlântica– Dividir e Conquistar (1988/2008)

Dorsal em 1988 – Foto: Paulo Gouvea Vieira
Banda: Dorsal Atlântica
Álbum : Dividir e Conquistar
Lançamento:1988/2008
Gênero: Speed Metal, Thrash Metal, Hardcore/Crossover
País: Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
Tipo:Full Length/ Álbum Completo
Formato :LP/CD
Selo: Heavy discos/Encore Records

O ano era 1988 e, no panorama do Metal nacional, a banda carioca Dorsal Atlântica dava um passo audacioso. Lançado originalmente pela Heavy Discos, Dividir e Conquistar não foi apenas um álbum, mas uma declaração de princípios que cimentou o status da banda como uma das mais autênticas e vanguardistas do som pesado brasileiro. Longe das fórmulas batidas, o trio liderado pelo vocalista e guitarrista Carlos “Vândalo” Lopes injetava uma dose letal de crítica social e influências do Hardcore/Punk em um Thrash Metal cru e técnico.
A Força do Clássico e o Valor da Edição Estendida
A versão que temos aqui é a reedição em CD de 2008 pela Encore Records, um item essencial para colecionadores e novos fãs. Enquanto a bolacha original entregava oito petardos, esta versão estendida traz 15 faixas, incluindo o material original completo mais sete faixas bônus (que incluem takes e versões alternativas das músicas do álbum), o que nos permite uma imersão ainda maior na sonoridade e na história de uma banda que sempre se recusou a ser domesticada.
A essência de Dividir e Conquistar reside na sua sonoridade complexa e nas letras que miram o dia a dia, a história e a filosofia. Músicas como a frenética “Tortura” e a épica “Vitória” abrem o disco com riffs cortantes e a voz visceral de Lopes. A Dorsal mostrava que o Thrash Metal poderia ser mais do que apenas violência gratuita, usando o gênero como veículo para reflexão.
Destaques e Ousadia Sonora
O álbum é marcado pela evolução sonora em relação ao antecessor, Antes do Fim (1986). Faixas como “Violência é Real” — um soco no estômago com seus mais de seis minutos de puro Thrash com toques quase progressivos — e a aclamada “Lucrécia Bórgia” são clássicos que mostram o domínio da banda na construção de estruturas mais elaboradas. A inclusão de instrumentos como teclado e piano em algumas faixas, uma audácia para o Metal extremo da época, apenas reforça o caráter experimental e descompromissado da Dorsal.
A faixa-título não oficial, “Metal Desunido”, talvez seja o hino mais memorável, refletindo sobre a falta de união e o sectarismo dentro da própria cena underground — uma crítica atemporal. Já “Morador das Ruas” e “Velhice” são exemplos da profundidade lírica da banda, tratando de temas sociais com uma crueza poucas vezes vista
As faixas bônus desta reedição de 2008, ao duplicar e complementar a tracklist original, funcionam como um excelente material de arquivo, permitindo revisitar a matéria-prima e a crueza que tornaram este disco um marco. É uma viagem de volta a um momento onde a música pesada nacional pulsava com urgência e propósito.
Veredito
Dividir e Conquistar é uma peça fundamental na arqueologia do Metal brasileiro. É um álbum que fez a ponte entre o punk/hardcore e o metal extremo, influenciando gerações. O CD da Encore Records de 2008, com suas 15 faixas, é a forma ideal de ter este clássico em sua coleção, apresentando não só o som poderoso de 1988, mas também um registro valioso da Dorsal Atlântica no auge da sua criatividade e rebeldia. Um disco obrigatório.
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