Morte, mentiras e religião: Barragem retorna com seu experimento no metal, o EP “Julgamento”

Em seu lançamento mais intenso desde sua estreia, trio independente explora temas latentes no Brasil desde o período da Pandemia

Depois de um período de silêncio nos lançamentos, o trio paulistano Barragem retorna com seu novo EP, “Julgamento”. Conhecida por músicas como “Best Friend” e “Barragem”, e por sua frequente colaboração com o cenário do emo e pop-punk de São Paulo, a banda dá outro passo em novas direções, desta vez explorando a intensidade do metal.

“Julgamento” une diversas influências da música pesada para devidamente abordar os temas nefastos que traz nas letras das faixas, a manipulação do negacionismo, as desnecessárias mortes de brasileiros durante a pandemia e a rápida expansão de pensamentos retrógrados pelo neopentecostalismo no país.

Mastodon, Elder, Suicidal Tendencies, Sepultura, Rage Against the Machine e Korn são alguns dos nomes que inspiraram o som do EP, que mira em trazer tanto agressividade quanto experimentalismo. “São todas bandas que trouxeram algo de diferente para a música pesada”, comenta Guilherme Jorge, baterista e compositor.

“E a ideia era essa, trazer o peso que as músicas pediam, prestar reverência ao tipo de música que eu mais ouvi na vida, e ao mesmo tempo fazer isso de maneira que soe como novidade”.

O novo EP mostra a pleno funcionamento o lado experimental da banda, que integra não apenas diferentes influências no novo som, mas também explora seus limites técnicos e criativos, se utilizando de solos de guitarra, seções com violão erudito, trechos psicodélicos e elementos eletrônicos. O trabalho contou ainda com uma inédita participação da baixista Isabella Velleda nos vocais da monumental faixa título, acompanhando a dinâmica de vocais compartilhados entre Guilherme e MX.

Sobre o tema das faixas, Jorge continua: “É uma maneira de colocar para fora todo o ódio que sentimos ao ver a promoção da desgraça alheia ser tão capitalizada. O ápice disso para mim foi definitivamente a pandemia, vendo aquelas pessoas que só abraçaram o negacionismo porque estavam em condições menos vulneráveis. E quem acreditou e morreu por isso? E quem não acreditou mas teve seus esforços de preservação prejudicados?”.

“Nós somos metaleiros de coração, e o som veio fácil quando sabíamos o que queríamos dizer”, explica MX, guitarrista e compositor do grupo. “É um projeto bem pessoal para nós. De uma forma, tivermos que nos permitir uma certa vulnerabilidade para deixarmos claro o que pensamos, que temos um lado, e que não é o mesmo de quem causou tantas mortes na pandemia, nem de quem se mascara de descolado para atrair a juventude para os pensamentos retrógrados do neopentecostalismo”.

E a mensagem ficou clara: desde a capa do EP que mostra um Bolsonaro fraco e temeroso sendo julgado por Orixás da Umbanda, até as letras diretas, irônicas – e por vezes vulgares – que carregam a frustração da vida na pós-verdade.

“Julgamento” contou mais uma vez com a produção de Luke Mello (@lukemello138), e leva a arte de capa criada pelo artista Rafael Bueno (@yabog_art), que já colaborou com expoentes do metal brasileiro como Manger Cadavre? e Crush All Tyranny.

O EP já está disponível no Spotify, YouTube e em todas as plataformas de streaming.

Escute outros lançamentos da Barragem no Spotify.

Sobre a Barragem

Barragem é um trio de rock alternativo formado em 2022 na cidade de São Paulo. Integrado por Guilherme Jorge (bateria e vocais), Isabella Velleda (baixo) e MX (guitarra e vocais), o grupo marcou a cena independente da cidade com lançamentos como seu single de estreia “Barragem” e a psicodélica “Best Friend”, e construiu uma base sólida com suas colaborações com o selo Big Cry Records e seus shows em casas alternativas da cidade. A banda tem como foco a constante experimentação, explorando diferentes gêneros em cada lançamento, sem abrir mão da identidade forte construída ao longo de seus trabalhos.

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Fonte: Barragem via E-Mail

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